quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009

Teologia e Multiculturalismo




Acontece na próxima quarta-feira, 18, na Universidade Metodista de São Paulo, às 19h, o lançamento do livro Teologias com Sabor de Mangostão ( NhandutiEditora), organizado pela teóloga feminista Isabel Aparecida Félix. A publicação é uma homenagem à também teóloga Lieve Troch, que nasceu na Bélgica e ao longo do seu trabalho vem se dedicando a temas como teologia intercultural e inter-religiosa.
Lieve Troch é uma das escritoras contemporâneas que tem realizado uma crítica ao pensamento teológico tradicional, ao lado de escritoras como Ivone Gebara, Mary Judith Ress, Elisabeth Schüssler Fiorenza, Mary Hunt, Sandra Duarte, Monja Cohen, Maria José Rosado entre outras.
O que mulheres de diferentes culturas e trajetos religiosos têm em comum? Uma atuação centrada no discurso feminino sobre o Sagrado, capaz de aproximar um tema tão denso quanto a teologia ao cotidiano.
Ao olhar criticamente o cânone religioso autoras como Lieve Troch vem tecendo uma perspectiva mais plural no campo das ciências das religiões. Uma história não tão recente, mas que toma uma maior amplitude a partir dos anos 60/70 com o surgimento de uma teologia a partir dos pobres, a Teologia da Libertação, e ainda sob a influência das teorias de gênero e as ondas feministas.
A Teologia da Libertação que gerou rupturas importantes vai abrir caminho para novas reflexões teológicas capazes de estabelecer conexões com questões contemporâneas relevantes como são hoje os estudos sobre identidades, migrações, (des)territorialidade.
No trabalho de Troch uma questão é central: fronteiras e suas ambigüidades. “Fronteiras fazem parte da vida, no nível pessoal e estrutural. Fronteiras constroem identidades de sujeitos, de povos, de instituições, de religiões e de pensamentos. Parece necessário viver com fronteiras para conservar a identidade pessoal e estrutural. A violação das fronteiras corporais, espirituais e culturais de mulheres e homens, de povos indígenas destruiu sua integridade e sobrevivência”, argumenta.
A fronteira no pensamento da teóloga é um signo central e sistêmico, capaz de produzir inúmeras variantes. Não é por acaso que o livro Teologias com Sabor de Mangostão conta com a colaboração de autoras e autores de diferentes continentes e de distintas práticas religiosas, o que permite contribuições teóricas importantes para o entendimento de que a teologia contemporânea acontece especialmente marcada pela mobilidade dos sujeitos.

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